O setor de mídia e entretenimento vive um momento de transformação profunda no Brasil. No maior evento de mídia da América Latina foram apresentados debates que mostram que logo iremos assistir televisão aberta de modo diferente. A radiodifusão, que sempre foi trem importante na cultura do país, está passando por um novo ciclo com o surgimento de sistemas que integram sinais tradicionais com inovações digitais. Essas discussões assumem papel estratégico pois apontam caminhos para manter a relevância da televisão aberta num mundo onde consumo de conteúdos online cresce exponencialmente.
Uma das propostas mais significativas apresentadas no encontro foi a chamada TV 3.0. Essa geração próxima de transmissão vai além do simples upgrade na qualidade de imagem ou som; ela promete trazer interatividade, acessibilidade e maior proximidade entre emissoras e público. Recursos como som imersivo, possibilidade de escolha de narrador, interação em tempo real com programas e integração com internet foram destacados. O objetivo é promover que a audiência não seja mais só espectadora, mas parte ativa do que está sendo transmitido.
Outro ponto de destaque foi a junção de antena e banda larga para oferecer serviço híbrido para quem assiste à televisão aberta. Isso significa melhorias não só na qualidade técnica, mas no acesso e na experiência. Regiões isoladas, comunidades rurais ou áreas que têm dificuldade de conectividade receberão atenção especial para que possam usufruir dos benefícios sem desigualdades. A universalização do serviço gratuito e de qualidade foi enfatizada como meta essencial para que as mudanças tragam benefícios concretos e não só promessas tecnológicas.
A regulamentação aparece como peça-chave nesse novo cenário. O governo manifestou compromisso em estabelecer leis e decretos que definam claramente como será a implantação desses novos sistemas, quais parâmetros de qualidade serão exigidos, como ficará a responsabilidade das emissoras, direitos do público em termos de acessibilidade, privacidade e uso de dados. Essa base legal dará segurança para investidores, criadores de conteúdo, empresas de tecnologia e operadores de radiodifusão agirem com previsibilidade.
Não se pode esquecer do impacto econômico dessas mudanças. As empresas do setor veem no novo formato oportunidades para modelos de negócio inovadores. Publicidade segmentada, métricas modernas, novas formas de monetização, tudo isso poderá aumentar receita e também permitir que conteúdos mais especializados tenham espaço. A competição entre plataformas grandes de streaming e canais abertos vai ganhar nova dinâmica, com emissoras podendo explorar parcerias, novas interfaces e ofertas para o telespectador.
Também foi muito discutida a importância da inclusão digital. A televisão evolui quando quem ainda está fora do sistema tecnológico pode entrar. A oferta de opções acessíveis, de qualidade, com aparelhos que funcionem bem, antenas confiáveis, sinal robusto e instalação simples têm de acompanhar as mudanças. Isso é importante para que o país não fique com bolsões de privilégio, onde só quem mora nas grandes cidades ou tem acesso avançado à internet usufrui do novo.
Em paralelo, especialistas apontam para desafios práticos que terão de ser resolvidos. Questões como qualidade da transmissão em áreas remotas, interoperabilidade entre sistemas digitais e sinais tradicionais, transição que não descarte quem tem aparelho antigo, custo para os usuários, treinamento técnico das equipes de radiodifusão e adaptação de conteúdos para aproveitar as novas funcionalidades. O sucesso vai depender de como o setor vai equilibrar inovação e acessibilidade.
Por fim, o encontro reafirmou que a televisão aberta não está condenada ao declínio. Pelo contrário, se souber se reinventar, incorporar tecnologia, ouvir demandas do público e adequar seus processos, pode emergir mais forte. O modelo de ver televisão vai mudar sim, mas isso traz oportunidade de renovação, mais inclusão, diversidade de conteúdo, e uma televisão mais próxima das pessoas. Essas mudanças poderão marcar uma nova era para o país, onde quem assiste tem voz, escolha, e uma experiência mais rica.
Autor: Polina Kuznetsov